O Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de são Paulo foi criado em 1956, começou funcionando no prédio de ambulatório do Hospital São Paulo, localizado na Rua Pedro de Toledo, 650 3º andar. Em setembro de 2008, foi transferido para o "Edifício Antolin R. Fernandez" localizado a Rua Borges Lagoa, 570/578, com uma área de 157,40m2 por andar, temos 10 andares contando com um total de 1574m2 de área construída. A partir de janeiro de 2009, iniciou suas atividades de ensino, pesquisa e assistência na nova sede abrigando as cinco disciplinas e os diversos programas assistenciais e de pesquisa que fazem parte do departamento. O Departamento de Psiquiatria é composto por 5 Disciplinas (Psiquiatria Clínica, Psicoterapia e Psicodinâmica, Psicologia Médica e Psiquiatria Social, Psicopatologia e Neurociências). O departamento conta com 31 serviços ou setores que envolvem o ensino, a assistência e a pesquisa: Ambulatório Longitudinal; Ambulatório de Interconsulta; CAPS Unifesp; CAPS Itapeva; CRIA - Centro de Referência da Infância e Adolescência; UPIÁ - Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência; Enfermaria; Pronto Socorro; PEP - Primeiro Episódio Psicótico; PROESQ - Programa de Esquizofrenia; PRISMA - Programa de Reconhecimento e Intervenção de Saúde Mental em Estados de Alto Risco; PRODAF - Programa de Distúrbios Afetivos e Ansiosos; PRODOC - Programa de Distúrbios Obsessivo-Compulsivos; Psicodiagnóstico; Psicoterapia Individual; Psicoterapia de Grupo; Psicoterapia - Transtornos Dolorosos; Psicoterapia - Transtornos da Personalidade AMBORDER; PAES - Programa de Atendimento e de Estudos de Somatização; PROVE - Programa de Atendimento a Vítimas de Violência e Estresse; PROATA - Programa de Assistência a Pacientes com Transtornos Alimentares; SAPIS - Serviço de Atenção Psicossocial Integrada em Saúde; UNIDOSO - Unidade de Atendimento ao Idoso; PROAD - Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes; UNIAD - Unidade de Atendimento a Dependentes; Projeto Quixote - Programa de atendimento e intervenção voltado para crianças e adolescentes em situação de risco social; Linc - Laboratório Interdisciplinar de Neurociências; NEMAP – Núcleo de Estatística e Metodologia Aplicadas; PROACT- Programa de Assistência aos Adolescentes; Napreme -Núcleo de Assistência à Residência Médica e Serviços de Saúde Mental dos alunos. O grupo permanente de professores e profissionais da saúde é composto por 101 profissionais: 19 Docentes, 06 Professores Afiliados, 47 Psiquiatras, 19 psicólogos, 06 Terapeutas ocupacionais e 04 Assistentes Sociais. Em 2010, o Departamento estava treinando 44 Residentes de Psiquiatria. Os cursos de aprimoramento, especialização, e residência multiprofissional contavam com 17 alunos de Psicologia, 11 alunos de Terapia Ocupacional, e 01 aluno de Serviço Social. O Departamento de Psiquiatria conta com uma vasta gama de sub-especialidades e laboratórios, todos com forte vinculo na pesquisa com a participação de estudantes de graduação, residentes médicos, vários profissionais de saúde mental (terapia-ocupacional, psicólogia, enfermagem, assistente-social) e estudantes de pós-graduação, como pode ser atestado nas descrições a seguir.
Laboratórios, Institutos e Unidades
Laboratório de Neurociências Clínicas LiNC/UNIFESP
O Projeto Instituto do Milênio Saúde Mental e Violência (que teve verba no valor de 4 milhões de Reais) têm cumprido sua meta na medida em que serviu de alicerce para a ampliação do Laboratório Interdisciplinar de Neuroimagem e Cognição – LiNC, como antes era conhecido. No atual Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas (LiNC), temos como objetivo realizar pesquisas em Neurociências integradas a fim de avaliar os transtornos neuropsiquiátricos desde o fenótipo até o genótipo, em caráter interdisciplinar.
O foco é a transposição dessas tecnologias para as áreas da Neurologia e da Psiquiatria clínica. A filosofia do laboratório se pauta na produção de conhecimento em neurociências através da integração da pesquisa básica com a pesquisa em seres humanos ("translational research"). Uma das principais aplicações desta metodologia é a investigação de mecanismos de ação, farmacocinética e farmacogenômica de psicofármacos utilizando tecnologia de ponta (ex: neuroimagem molecular) que o laboratório é pioneiro no país.
O LiNC segue o modelo de pesquisa de laboratórios internacionais, obtendo grande sucesso ao agregar pesquisadores com PhD ou pós-doc em instituições internacionais de excelência. A estrutura operacional do LiNC é composta de 9 seções e linhas de pesquisa (neuroimagem molecular humano, neuroimagem molecular animal, neuroimagem estrutural, bioinformática, psiconeuroendocrinologia, genética molecular e epidemiológica, neuropsicologia, psiquiatria experimental) em colaboração com outros centros de pesquisa nacionais e internacionais. Este laboratório conta atualmente com 32 pesquisadores (incluindo alunos de graduação em diversas áreas, pós-graduandos e professores das mais diversas áreas como psiquiatria, neurologia, psicobiologia, genética e farmacologia). Ele tem se credenciado como um centro de excelência na formação de líderes de opinião em psiquiatria e na geração e disseminação de conhecimento para a comunidade médica.
Recentemente, o LiNC recebeu uma área de 150m2 do novo prédio de pesquisas da UNIFESP através de processo de seleção, entre todos os pesquisadores desta Universidade. A incorporação da Profa. Dra Andrea Jackowski, recentemente contratada como docente, ao Laboratório de Neurociências Clínicas LiNC/UNIFESP permitiu um avanço tecnológico ao Laboratório no processamento de análise de imagens devido à introdução do método de segmentação do hipocampo através do software Analyze AVW 7.0. Foi realizado o treinamento de análise de imagens através do software BRAINS2 sob a supervisão do Prof. Dr Acioly L.T. Lacerda e o treinamento de segmentação do hipocampo através do software Analyze AVW 7.0, utilizando as diretrizes de Schumann e colaboradores (2004) sob a supervisão da Profa. Dra. Andrea Jackowski. Dentro das atividades de ensino, o LiNC oferece treinamento em pós-processamento e análise de imagens médicas e até o momento já treinou pós-graduandos de outros Programas de Pós-Graduação da UNIFESP (Neurologia e Psicobiologia), além de pós-graduandos da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP USP) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O Laboratório de Neuroimagem da UNIFESP (UNImagem): é um Grupo interdepartamental de pesquisa voltado para o desenvolvimento de estudos em neuroimagem na UNIFESP. O grupo é constituído pelos seguintes pesquisadores: Sergio Tuffik (Depto Psicobiologia), Rodrigo Bressan, Acioly Lacerda, Ming Chi Shih, Ivette Kairalla, Célia Maria de Araújo (Depto Psiquiatria), Mario Castiglioni (Depto Diagnóstico por Imagem), Sérgio Kodaira (Instituto do Sono).
A Unifesp vai receber 4 milhões de Reais, aprovados pelo Edital FINEP CT Infra 2010, um aparelho de RM de 3 Tesla que possui, aproximadamente, 40% mais sinal que os aparelhos de 1,5 Tesla, o que proporciona maior resolução e maior detalhe, logo, aumenta a confiabilidade no diagnóstico além de permitir a identificação de lesões e alterações cerebrais sutis. O alto campo magnético, possibilita também a tractografia por tensor de difusão e avaliação dos níveis de oxigênio da hemoglobina venosa cerebral (efeito BOLD) de forma mais fidedigna. Participaram da licitação os docentes Andrea Jackowski, Rodrigo Bressan e Jair Mari.
O LiNC é um laboratório de ensino e pesquisa em neurociências integradas para avaliar os transtornos neuropsiquiátricos, promovendo inovação em neurociências. Esse laboratório conta com pesquisadores com formação e reconhecimento internacionais e recursos humanos com significativa e sólida capacitação técnica com diferencial acadêmico e científico, aptos a operar as inovações tecnológicas disponíveis em processamento, análise e gestão de dados de neuroimagem em humanos e animais.
O LiNC conta atualmente com o seguinte parque tecnológico:
Equipamento |
Marca |
Modelo |
Qtd. |
Memoria |
Processador |
sistema Operacional |
Outros Aplicativos |
WorkStation |
Dell |
Vostro 200 |
1 |
4 GB |
CORE 2 DUO 2 nucleos |
Windows Vista-Home Basic |
|
WorkStation |
Asus |
Satelite |
1 |
512 MB |
PENTIUM 4 |
Windows XP Professional |
|
WorkStation |
Dell |
Precision 690 |
1 |
16 GB |
XEON 4 nucleos |
Red Hat Interprise |
MAT LAB – BRAINS 2 |
WorkStation |
Dell |
Vostro 200 |
1 |
4 GB |
CORE 2 DUO 2 nucleos |
Windows Vista-Home Basic |
|
WorkStation |
Dell |
Precision T 5400 |
1 |
16 GB |
XEON 2 nucleos |
Windows Vista Business |
|
WorkStation |
sem marca |
Equip. Montado |
1 |
2 GB |
PENTIUM 4 |
LINUX FEDORA e Windows XP Professional |
|
WorkStation |
Dell |
Precision T 5400 |
1 |
16 GB |
XEON 2 nucleos |
Debian |
|
Servidor |
Dell |
Power Edge T300 |
1 |
8 GB |
XEON 4 nucleos |
Debian
Lenny |
FreeSurfer |
Servidor |
Dell |
Power Edge 840 |
1 |
4 GB |
XEON 4 nucleos |
Debian Lenny |
|
Núcleo de Estatística e Metodologia Aplicadas (NEMAP)
O Laboratório de desenvolvimento de metodologia em pesquisa na área de saúde mental denominado NEMAP (Núcleo de Estatística e Metodologia Aplicadas), é formado por pesquisadores e técnicos, especializados em saúde mental, estatística, metodologia científica e análise de sistemas. O Nemap é coordenado pelo Prof. Sérgio Baxter Andreoli, sua missão é transmitir conhecimentos em metodologia e oferecer suporte estatístico epidemiológico às instituições de saúde, e interessados em pesquisas científicas na área de saúde mental. Dentro das atividades de ensino oferecemos curso de análise estatística, treinamento na utilização de pacote estatístico SPSS, treinamento na utilização do gerenciador de referências bibliográficas e treinamento na formatação de tabelas. Como suportes à pesquisa científica realizam supervisão metodológica e estatística para interpretação dos resultados de análise de dados e para elaboração de projetos e de análise dos dados, incluindo o planejamento da base de dados.
Laboratório de Psicofarmacologia da Ansiedade
O laboratório de Psicofarmacologia da Ansiedade, sob a coordenação da Profa. Dra. Milena de Barros Viana, funciona desde 2007 no Campus Baixada Santista da UNIFESP. Seu foco é a investigação das bases neurobiológicas dos transtornos de ansiedade encontrados na clínica e a realização do "screening" de drogas com potencial ansiolítico.
As pesquisas desenvolvidas no laboratório aliam a observação comportamental, realizada com a utilização de modelos animais, a análises imuno histoquímicas, a partir da colaboração com outros centros de pesquisa. Desde a sua implantação, o laboratório recebeu e forneceu treinamento a alunos de graduação e pós-graduação, da UNIFESP e de outras instituições. O laboratório de Psicofarmacologia da Ansiedade tem recebido regularmente financiamento de auxílio à pesquisa FAPESP e CNPq.
Instituto PROVE (Programa de Atendimento e Pesquisa em Violência)
O Instituto Prove foi fundado através de uma parceria com a Fundação RUKHA com o intuito de aumentar a capacidade de atendimento, ampliando o campo de pesquisas na área de saúde mental e violência. Através deste instituto foi inicialmente repassada verba de R$ 100.000,00 para a instalação do Instituto PROVE na área próxima a UNIFESP. Neste local instalamos o ambulatório do PROVE, programa do departamento de psiquiatria, coordenado pelo Prof. Marcelo Feijó de Mello, que assume a presidência do Instituto. O imóvel alugado conta com 5 consultórios, um auditório, uma sala para estudos equipadas com computadores e impressoras em rede e a administração do Instituto.
Atualmente se realizam várias pesquisas no PROVE, muitas fazendo parte do Instituto do Milênio Saúde Mental e Violência (CNPq) e do projeto temático da FAPESP, alem de pesquisas com outros financiamentos. Existem 6 doutores no PROVE: Marcelo Feijó de Mello (docente e bolsista produtividade em pesquisa CNPq), Andrea de Abreu Feijó de Mello (bolsa pós-doc PNPD), Jose Paulo Fiks (bolsa pós-doc PNPD), Dirce Perissinotti (bolsa pós-doc CAPES), Euthymia Brandão Almeida Prado, e Sara Borges Bottino. Os doutores do Prove coordenam pesquisas nas áreas de transtorno de Estresse Pós-traumático e Psicoterapia interpessoal, transtornos de humor e trauma e pesquisas qualitativas. Fazem parte do PROVE 10 doutorandos, 7 mestrandos e 1 aluna de PIBIC. Desde o início do PROVE, já foram defendidos 8 mestrados.
O Instituto PROVE em sua parceria fechou contrato no valor de R$360.000,00 anuais para contratação de pessoal para atendimento e futuramente inauguração de um posto avançado na região do Capão Redondo. O local serve para atendimento da demanda local de vitimas de violência e já iniciou pesquisa sobre o impacto de programas de enriquecimento ambiental em indicadores psicológicos e biológicos, com verba do CNPq (Bolsa Pos-doc da Dra. Andrea Feijó, sob supervisão do Prof. Jair Mari, edital CNPq de saúde mental).
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Psiquiatria do Desenvolvimento para a Infância e Adolescência (INPD)
A UNIFESP, em conjunto com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) constituiu o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Psiquiatria do Desenvolvimento para a Infância e Adolescência (INPD) (http://inpd.org.br/), que conta com financiamento de mais de 7 milhões de reais do CNPQ e FAPESP. Estão sendo realizados 16 projetos de pesquisa, norteados pelos princípios da Psiquiatria do Desenvolvimento, com ênfase na caracterização de casos de risco e prevenção. Os estudos desse Instituto procuram compreender, principalmente, as relações entre fenótipos/endofenótipos das diferentes manifestações neuro-psiquiátrias e genes candidatos. O INPD vem preencher uma lacuna no campo da Psiquiatria da Infância e Adolescência, área que a UNIFESP tornou-se referência em formação e produção do conhecimento. Como proposta, também atua na capacitação de profissionais da saúde da família (PSF) e professores da rede publica, promovendo uma interação rápida e eficiente com a sociedade.
Alem disso, o INPD iniciou um curso de pós-graduação utilizando tecnologia de conferencia pela internet, integrado com a USP e com a UFRGS, que conta com professores de universidades nacionais e internacionais, como as Universidades de Harvard, Yale e Duke. Está programado para que em 2011, esse curso seja oferecido para outras universidades brasileiras, como a Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Federal da Bahia, e possivelmente a Universidade Federal do Ceará.
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas do Álcool e Drogas – INPAD
No final de 2008, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, em parceria com as fundações estaduais de apoio à pesquisa de cada estado (no caso de São Paulo, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP), publicou o edital do Programa dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (Edital 15/2008) com o objetivo de promover o avanço da ciência e ampliar o seu alcance na sociedade. A Unidade de Álcool e Drogas da Unifesp (UNIAD) atendeu a esse edital, materializando na forma de um projeto único e integrado as várias linhas de pesquisa existentes na Instituição. Esse projeto foi selecionado junto com outros cem institutos de todas as áreas da ciência e da tecnologia de todo o Brasil, ratificando a excelência científica conquistada ao longo de mais de uma década de existência. Estava criado o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas do Álcool e Outras Drogas – INPAD (CNPq: Processo 573615/2008-0), Coordenador: Ronaldo Laranjeira e Vice-coordenador: Sandro Sendin Mitsuhiro. Os projetos científicos em desenvolvimento no INPAD estão descritos a seguir. Todos eles passaram por cuidadoso planejamento e possuem recursos financeiros, cuja soma ultrapassa os R$ 2.800.000,00, já disponíveis para a sua execução.
a) Levantamento Nacional sobre padrões de consumo de álcool na população brasileira;
b) Políticas de Álcool e Drogas;
c) Pesquisa Nacional sobre a família do dependente químico;
d) Ensaio clínico: Avaliação do Baclofen e Modafinil para o tratamento da dependência de crack;
e) Comparação da mortalidade de pacientes dependentes de álcool com a população geral;
f) Pesquisas em economia da saúde;
g) Atividades de ensino e capacitação na área da dependência química;
Há no Brasil um descompasso entre a demanda por tratamento da dependência química e a disponibilidade de profissionais capacitados para esse tipo de atendimento. Mais de 1000 profissionais foram capacitados nos diversos cursos de Capacitação na Área da Dependência Química que incluem os Cursos de Especialização (pós-graduação lato sensu) e de Extensão, tanto presenciais como a distância (on line), que aproveitam a plataforma da internet para estender a sua penetração para as regiões mais distantes do país.
PROATA - Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares
O PROATA é um programa multidisciplinar do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP coordenado pela Prof. Angélica M. Claudino. O programa tem como objetivos: prestar assistência especializada a pacientes com transtornos alimentares (em especial à anorexia nervosa, à bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica comumente associado à obesidade), oferecer ensino teórico-prático para capacitar profissionais da área de saúde para o atendimento específico de transtornos alimentares e desenvolver pesquisas na área.
Desde o início de suas atividades em 1994, o PROATA apresentou um significante desenvolvimento tanto no campo da assistência quanto da pesquisa e ensino, tornando-se um dos pólos do conhecimento neste campo específico da psiquiatria, com reconhecimento nacional e internacional crescente. Desde 1994, membros do PROATA participam tanto de conferências de saúde mental (psiquiatria, psicologia) e física (nutrição, nutrologia, endocrinologia) quanto de eventos específicos da área de transtornos alimentares ministrando palestras, cursos e apresentando pesquisas na área. O PROATA é um dos responsáveis pela organização do maior congresso brasileiro de transtornos alimentares e obesidade (CBTAO) junto a outras quatro instituições nacionais, tendo sido o organizador responsável dos eventos em 2001 e em 2009, assim como organizado um evento comemorativo dos 10 anos de seu funcionamento em 2004. O CBTAO de 2009 teve cerca de 500 inscritos e também envolveu atividades gratuitas (educativas e culturais), voltadas para a comunidade, além de programa científico rico, tendo recebido apoio da CAPES, CNPQ e FAPESP para sua realização.
O interesse crescente de profissionais de saúde pela área (pouco desenvolvida no país) e por estágio no programa levou, em 2003, à criação de um curso de extensão universitária anual voltado para a formação teórico-prática de profissionais de saúde, curso este que em 2011 está em sua 9ª edição (IX Curso de Atualização em Transtornos Alimentares e Obesidade). Desde 2005 o PROATA passou a oferecer, em complementação ao primeiro ano, um estágio prático de 18 meses com carga horária de 10 horas semanais, permitindo a realização de assistência supervisionada.
Além de cursos abertos ao público, vários membros da equipe fixa do PROATA ministram, desde o início de suas atividades, aulas regulares sobre transtornos alimentares tanto para a graduação em medicina e enfermagem e para residentes de psiquiatria do departamento de psiquiatria da UNIFESP. Além destas aulas, o PROATA já participou de diversos cursos na área de saúde mental organizados para profissionais da rede pública. Ainda, o programa recebeu, através de uma parceria com Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, residentes de psiquiatria em estágio regular durante os anos de 2009 e 2010, além de receber também residentes de outras universidades médicas (ex. UERJ) em estágio eletivos de um mês de duração, e estudantes de sexto ano de medicina de universidades federais brasileiras ou mesmo internacionais (Universidade do Porto, Portugal) em estágios eletivos no depto de psiquiatria.
Em 2010, o PROATA contou com uma equipe multidisciplinar de 62 profissionais incluindo os membros de sua equipe fixa (29 profissionais distribuídos entre as especialidades psiquiatria, psicologia, nutrição, nutrologia, terapia ocupacional e secretaria), estagiários (residentes de psiquiatria, capacitandos psicólogos e nutricionistas) e pós-graduandos (psiquiatras, psicólogos e nutricionista). O programa funciona atualmente em dois locais: no Campus Universitário da UNIFESP (Vila Clementino), onde funcionam as atividades ambulatoriais de assistência, ensino e pesquisa, e no CAPS-ITAPEVA, onde, desde 2007, o programa montou uma mini-equipe de profissionais para desenvolver um programa assistencial semi-intensivo para pacientes mais graves. O programa conta hoje com 3 psiquiatras, uma psicóloga, uma terapeuta ocupacional e uma nutricionista, além do Diretor Médico do CAPS (Dr Marcel Kaio) que também é membro da equipe do PROATA, coordenador da equipe PROATA-CAPS e supervisor de residentes no programa. Atualmente (2011) cerca de 180 pacientes acham-se em tratamento no PROATA (2 unidades), tendo sido realizadas 6640 consultas em 2010.
Desde o início de suas atividades, diversas pesquisas voltadas para o estudo da epidemiologia, o diagnóstico e intervenções em transtornos alimentares já foram realizadas no PROATA, permitindo o desenvolvimento e conclusão de 8 teses de mestrado e 3 de doutorado. O PROATA participou de estudos multicêntricos testando tratamentos farmacológicos para transtornos alimentares, assim como realizou diversas revisões sistemáticas na área, sendo a área de intervenções uma área de pesquisa de interesse e desenvolvimento no programa, assim como estudos epidemiológicos e sobre o diagnóstico.
Em 2007-2009 a Prof. Angélica M. Claudino realizou um estágio de pós-doutoramento (área de neurobiologia), com bolsa CAPES, no setor de Transtornos Alimentares do Institute of Psychiatry, King´s College London, Inglaterra, pesquisa esta que permitiu a publicação de 5 artigos – 2 deles em periódicos A1 como Biological Psychiatry e Psychological Medicine), além de uma revisão de atualização de transtornos alimentares para o periódico The Lancet (Seminar Paper) em colaboração com a Prof. Janet Treasure. Tais artigos foram publicados em 2010 ou acham-se disponíveis online e aceitos para publicação (citados no relatório). Além destes a Prof. Angélica Claudino publicou, em parceria com a Prof. Dra Phillipa Hay da University of West Sydney, Australia, elaborou 2 capítulos sobre o tratamento de transtornos alimentares em livros internacionais (na Austrália e na Inglaterra), colaboração esta também presente em revisões sistemáticas Clinical Evidence (BMJ) e Cochranne Library sobre o tratamento de Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa.
Atualmente os doutores do PROATA (Prof. Angélica Claudino, Prof. Christina M. Morgan e Prof. Sérgio Carlos Stefano) acham-se envolvidos em projetos de pesquisas no setor envolvendo alunos de graduação e pós-graduação. Atualmente 6 alunos desenvolvem projetos de mestrado no setor. O Prof. Sérgio Stefano desenvolve um pesquisa como projeto de pós-doutoramento com bolsa FAPESP e orientação do Prof. Sérgio Blay, em que testa a aplicabilidade de uma cartilha, desenvolvida pelo pesquisador, como primeira intervenção para abordagem de pacientes com transtorno de compulsão alimentar periódica. Além deste projeto, a Dra Karin Dunker (nutricionista) também desenvolve um projeto de pós-doutoramento (recentemente submetido à FAPESP) de base epidemiológica (estudando grupo de risco para transtornos alimentares), também com orientação do Prof. Sergio Blay e co-orientação da Prof. Angélica Claudino.
Outros projetos de pesquisa sob a responsabilidade da Prof. Angélica Claudino envolvem: 1) investigação do impacto de transtornos alimentares no tratamento de crianças e adolescentes com diabetes juvenil, que recebeu financiamento FAPESP e inclui uma aluna de mestrado; 2) dois estudos na área de diagnóstico de transtornos alimentares (também incluindo pós-graduandos, um deles com bolsa FAPESP), além de estudos de validação de uma entrevista padrão ouro para diagnostico de transtornos alimentares (versão adulto e infantil); 3) desenvolvimento de pesquisas em área de nutrição e outros projetos de intervenções psicológicas e biológicas para transtornos alimentares (estes em fase de desenvolvimento do protocolo).
Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência (UPIA)
A Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência (UPIA) iniciou as atividades em 2007 e atualmente conta com seis ambulatórios, sendo um geral e cinco de especialidades, para tratamento de transtornos invasivos do desenvolvimento (TID), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtornos de humor e psicoses na infância. São atendidos cerca de 500 crianças/mês. Atualmente, conta com dois docentes do departamento, dois psiquiatras contratados, estagiários de neuropsicologia, médicos psiquiatras voluntários, residentes de psiquiatria do 2?, 3? e 4?anos, psicólogos, fonoaudiólogos, alunos de graduação e alunos de pós-graduação.
É objetivo do programa a formação de profissionais capacitados para o atendimento de crianças e adolescentes, abrangendo o diagnóstico dos transtornos mais comuns na infância e adolescência e seu tratamento baseado em evidências científicas. Cada ambulatório dispõe de período mínimo de 1 hora por semana de aulas teóricas e/ou seminários com discussões de artigos.
Centro Utilitário de Intervenção e Apoio aos Filhos de Dependentes Químicos (CUIDA)
Partindo da observação da Dra Neliana Buzi Figlie, no serviço de orientação familiar da UNIAD, foi constatada a necessidade de um acompanhamento especializado aos filhos (crianças e adolescentes) de dependentes químicos, frente a queixas de problemas de aprendizagem, depressão, bem como uso de substâncias psicoativas, dificuldades no relacionamento familiar, insegurança, agressões físicas, maus tratos e abuso sexual. No Brasil, este tipo de serviço inexiste uma vez que a maioria dos serviços aborda apenas familiares, que em grande parte são cônjuges, pais e/ ou filhos adultos.
A Sociedade Santos Mártires, desde 1998, mantém parceria com a UNIAD/UNIFESP, quando da criação da UCAD (Unidade Comunitária de Álcool de Drogas) no Jardim Angela. Diante da necessidade premente de atendimento aos filhos de Dependentes Químicos, em 2001, a Sociedade Santos Mártires, com o apoio técnico da UNIAD/UNIFESP e financiamento do FUMCAD (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), iniciaram o serviço. Atualmente o serviço é financiado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo com Supervisão Técnica M' Boi Mirim.
O único serviço que se tem referência de oferecer assistência aos filhos de alcoolistas no Brasil é o Alateen, derivado do atendimento de auto-ajuda dos Alcoólicos Anônimos e que não conta com profissionais especializados. O CUIDA (Centro Utilitário de Intervenção e Apoio aos Filhos de Dependentes Químicos) é um serviço pioneiro no Brasil. O objetivo geral do programa é oferecer tratamento de cunho preventivo para crianças e adolescentes de 0 a 18 anos de idade que convivem com dependentes químicos em seus lares, de modo a diminuir os prejuízos e danos biopsicosociais.
No tocante a produção cientifica, uma aluna de doutorado tem conduzido um estudo com 305 participantes, filhos de dependentes químicos, sendo 122 famílias com o pai dependente de álcool, 50 famílias com o pai dependente de cocaína e maconha e 133 famílias do grupo controle. Com vistas a mensurar problemas comportamentais e quadros psicopatológicos em crianças e adolescentes (Inventário CBCL); Situações de Estresse Psicossocial Familiar e FIRA-G (Índice Familiar de Regeneração e Adaptação Geral) para avaliação de resiliência das famílias de ambos os grupos conforme o tipo de substância utilizada pelo dependente. Até o momento os achados deste estudo puderam comprovar que filhos de dependentes de drogas têm maiores problemas quando comparados com filhos de dependentes de álcool. Basicamente pode-se pensar que o grupo drogas tende a desenvolver problemas de comportamento, e o grupo álcool tende a desenvolver problemas emocionais. Atualmente, estamos conduzindo um estudo que investiga o perfil de 791 crianças e adolescentes atendidos no CUIDA, no período de Janeiro de 2001 a Dezembro de 2008, na faixa etária entre 0 e 18 anos. O estudo vem sendo conduzido por duas psicólogas que pretendem realizar o seguimento da referida amostra, categorizada por crianças e adolescentes, com vistas a realização de mestrados e doutorados. O livro Família e Dependência Química: Uma Experiência de Prevenção com Crianças e Adolescentes no Jardim Ângela - Editora Roca LTDA. ISBN 978-85-7241-813-3 foi lançado em 2009 e, relata a experiência dos 07 anos do serviço. Esse livro descreve a organização do serviço, perfil da clientela assistida e manejo do tratamento com crianças, adolescentes e familiares de dependentes químicos.
O Programa de Pesquisa e Atendimento ao Primeiro Episódio Psicótico (PEP)
O Programa de Pesquisa e Atendimento ao Primeiro Episódio Psicótico (PEP) é um serviço ambulatorial especializado para o atendimento de pacientes no primeiro episódio psicótico através de uma abordagem ampla e integrada. É um projeto pioneiro no Brasil, apesar dessas intervenções já serem bastante difundidas internacionalmente. O programa está sob coordenação da Dra Ana Cristina Chaves desde o inicio e oito orientações de mestrado e uma de doutorado foram baseadas em pesquisas realizadas no programa. A Dra Ana Cristina Chaves fez seu pós-doutorado em 2005, em Toronto, com a Dra Jean Addington sobre intervenção em indivíduos de risco para psicose. A Dra Jean Addington é a atual presidente da Early Psychosis Association, que reúne pesquisadores de todas as partes do mundo que trabalham nesse tema. Em 2007 foi lançado um periódico pelo Prof. Patrick McGorry – Early Intervention in Psychiatry, e a Dra Ana Cristina Chaves foi convidada para ser membro do corpo editorial da revista. Em 2009, também contribuiu para as diretrizes da associação psiquiátrica mundial sobre intervenção precoce para psicoses que foi publicado online na pagina da World Psychiatric Association (WPA).
A clientela predominante é de pessoas com baixo poder aquisitivo, jovens, do sexo masculino, estudantes ou no inicio da vida profissional. Os objetivos do programa são divididos em dois enfoques: assistência e pesquisa. Os principais objetivos assistenciais do PEP são: Identificação precoce do primeiro episódio psicótico; tratamento intensivo das fases agudas e de remissão do episódio psicótico; reduzir o impacto do primeiro episódio psicótico; apoiar e ajudar os familiares com o cuidado de seu parente doente
A pesquisa foi e continua sendo essencial para o desenvolvimento do programa. Temos como objetivos principais: a) desenvolver e testar intervenções culturalmente sensíveis; b) identificar fatores associados ao curso e evolução das fases iniciais da psicose em nosso meio. Vários projetos de pesquisa tornaram-se dissertações de mestrado e teses de doutorado vinculadas ao Curso de Pós-Graduação em Psiquiatria do Departamento de Psiquiatria da Unifesp.
Os resultados desses estudos tiveram conseqüências na prática clínica. A pesquisa sobre o grupo de psicoeducação para familiares mostrou a necessidade de desenvolver materiais didáticos sobre o episódio psicótico e tratamento. Com a parceria de indústrias farmacêuticas foi desenvolvido um folheto explicativo sobre psicose e um vídeo com depoimentos de profissionais, pacientes e familiares sobre a doença e tratamento.
O estudo de seguimento sobre ganho de peso e perfil metabólico mudou a rotina das avaliações. Os efeitos adversos do tratamento são uma preocupação constante do clinico e a escolha do antipsicótico é baseada no perfil de cada paciente como, por exemplo, sexo, peso atual, história familiar de obesidade. Os profissionais estão atentos em todas as intervenções para tentar prevenir e amenizar essa questão.
Nos primeiros anos do programa o nosso foco ficou mais direcionado para o reconhecimento e tratamento intensivo da crise. Essa abordagem era mais conhecida e que tinha mais dados na literatura. As dissertações de mestrado desenvolvidas no programa sobre ajustamento social e noção de doença levaram à reflexão sobre a necessidade de projetos de intervenção com maior ênfase no período de recuperação. Um estudo qualitativo sobre a recuperação no período crítico foi concluído e é objeto da tese de mestrado da psicóloga Paula Eisenstadt.
Os familiares também são novamente objeto de pesquisa. A Dra Rita Jorge delineou uma pesquisa de seguimento de um na para avaliar a qualidade de via e a experiência dos familiares de pacientes no PEP em relação ao cuidado aos seus parentes doentes. Esse projeto obteve financiamento da FAPESP em 2009. Um livro sobre a experiência dos 10 anos de programa foi editado e lançado em 2009. Esse livro descreve o funcionamento do programa, mesclando os assuntos com revisões teóricas sobre intervenção no primeiro episódio psicótico com os resultados de pesquisa desenvolvido por alunos de pós-graduação.
Investigações em Psiquiatria, Psicologia e Psicodinâmica
O grupo vem desenvolvendo investigações relativas (a) ao atendimento psicoterápico psicanalítico a pacientes de baixa renda atendidos em instituição pública e (b) ao ensino dessa modalidade de atendimento a residentes de psiquiatria e psicólogos especializandos em clínica universitária pública. A importância de estudos nessa linha decorre da possibilidade de oferecer atendimento psicanalítico gratuito individualizado, a longo prazo, por mais de três anos, a pacientes previdenciários, que em nosso país estão marginalizados do serviço publico de saúde. Além do mais, estes estudos visam preparar terapeutas qualificados para o atendimento de pacientes com comprometimentos psíquicos graves em serviços públicos de saúde. Assim, por exemplo, pacientes com transtornos de personalidade e transtornos somatoformes cujo funcionamento mental precário demanda psicoterapeutas preparados. A proposta é de promover o desenvolvimento de recursos pessoais para lidar com as demandas da vida diária. A pesquisa busca, por um lado, o conhecimento e a compreensão da dinâmica desses transtornos e, por outro, o desenvolvimento de modalidades de atendimento específicas visando benefícios da intervenção aos pacientes.
Atividades do Centro Clínico de Pesquisa em Psicoterapia
A maioria dos membros da Disicplina de Psicoterapia e Psicodinâmica vem participando dos seguintes cursos: (1) graduação: (a) Semiologia das Relações Humanas para o 3º ano, (b) Atenção à Saúde da Mulher e da Criança para o 4º ano, (c) Programa do Centro Alfa, ambulatório de clínica médica geral, para o 5º ano, (d) Psiquiatria para Internato, 5º ano; (e) orientação para bolsas de PIBIC:; (2) Residência em Psiquiatria e Especialização em Psicologia da Saúde: aulas e supervisão sobre atendimento psicoterápico e avaliações psiquiátricas e psicológicas em suas diversas modalidades; (3) pós-graduação: Pesquisa em Psicoterapia e Métodos Qualitativos em Saúde Mental com orientandos com bolsas CAPES, CNPq e FAPESP.
A atividade de pesquisa nos últimos anos teve como proposta a avaliação psicológica de processo e resultado de psicoterapia. Inicialmente apoiada pela FAPESP como projeto temático, sua continuidade se dá por meio de projeto regular de pesquisa. É também apoiada pelo CNPq, na forma de bolsa de produtividade em pesquisa 1B da Profa. Latife Yazigi, líder do grupo de pesquisa cadastrado no CNPq 'Investigação em Psiquiatria, Psicologia e Psicodinâmica'. Essa linha de investigação exige tempo para a coleta de dados em decorrência da necessidade de um número razoável de participantes com acompanhamentos de dois, três, quatro e mais anos de atendimento em psicoterapia, o que permitirá estudos estatísticos mais aprimorados. Essa investigação tem dois focos: (a) mudanças psíquicas observadas nos pacientes e consideradas como decorrentes do atendimento e identificadas por meio das avaliações psicológicas; (b) mudanças apreendidas no manejo das situações manifestas nas sessões de psicoterapia nos profissionais em formação, ou seja, estudo específico sobre o ensino de psicoterapia a jovens profissionais. A quantidade de dados coletados relativos ao segundo foco é extensa e a busca de método adequado para captar nuances e sutilezas das mudanças psíquicas internas dos terapeutas e de suas atitudes durante as sessões tem sido objeto de estudo. Foi possível criar e desenvolver parâmetros de uma forma inovadora, como a elaboração de instrumentos de investigação qualitativa do aprendizado da função psicoterapeutica Assim, tem sido possível produções do grupo em sua maioria qualitativas na forma de apresentações em reuniões científicas, artigos e capítulos de livros. Trabalhos quantitativos estão em processo de elaboração para submissão em periódicos.
Com relação às avaliações psicológicas, mais especificamente ao Método de Rorschach, as profas Latife Yazigi e Norma Lottenberg Semer participam da construção de novas tabelas normativas, novos estudos sobre áreas de localização e de qualidade formal das respostas e de novos índices. Essa pesquisa tem contribuído com Phil Erdberg, Gregory Meyer e Donald Viglione no processo de criação de um novo sistema – Rorschach Performance Assessment System. Assim, a atividade de pesquisa tem sido expandida para além de nosso país, o que se concretiza com a participação da Profa Latife Yazigi na Diretoria da International Rorschach Society, atualmente como 2ª Vice-presidente. Da mesma forma, os estudos de Iniciação Científica com o Teste das Faces Quiméricas, criado por Jerre Levy, professora da Universidade de Chicago se mantém até o presente. Outros membros deste grupo de pesquisa, profas Norma Lottenberg Semer e Maria Luiza de Mattos Fiore, são membros associados da International Psychoanalytical Association. A Profa Norma também é vice-presidente da Associação Brasileira de Rorschach e tem participado do Fórum de Entidades de Psicologia.
Núcleo de Pesquisa em Medicina Psicossomática e Interconsulta (NuMePI)
O Serviço de Interconsulta Psiquiátrica e em Saúde Mental possui dois programas assistenciais e um núcleo de pesquisa. O programa de Interconsulta Psiquiátrica e em Saúde Mental fornece atendimento para pacientes clínicos e cirúrgicos internados no Hospital São Paulo; o programa Ambulatório de Medicina Psicossomática fornece atendimento para pacientes dos ambulatórios clínicos e cirúrgicos da UNIFESP. Estes dois programas além de atender toda a demanda em psiquiatria e saúde mental dos pacientes que não estão diretamente no atendimento do Departamento de Psiquiatria, também são espaços privilegiados de ensino. Por ano, os programas recebem 12 médicos residentes, 8 residentes multiprofissionais (psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e enfermeiros) e 12 especializandos (psicólogos e terapeutas ocupacionais), além de alunos de graduação em Medicina no período de internato e alunos de pós-graduação. A equipe fixa do Serviço é composta por um docente do departamento, mais 3 psiquiatras, 2 psicólogos e 2 terapeutas ocupacionais. Há dois anos o Serviço de Interconsulta Psiquiátrica e em Saúde Mental cresceu ao criar o Núcleo de Pesquisa em Medicina Psicossomática e Interconsulta (NuMePI), sob a coordenação da Profa. Dra. Vanessa de A. Citero.
O NuMePI tem como missão agregar e difundir pesquisas cientificas na área de medicina psicossomática e de interconsulta, de forma a incrementar a prática em saúde. Seus objetivos compreendem: (a) desenvolver e avaliar modelos psiquiátricos e psicossociais de prevenção e intervenção no campo da saúde; (b) avaliar serviços de psiquiatria e saúde mental na prática médica e desenvolver indicadores de efetividade; (c) avaliar a relação entre doenças crônicas (síndrome metabólica, câncer, AIDS, hepatopatia, anemia falciforme, dor, etc.) e diversos aspectos psicossociais (transtornos psiquiátricos, personalidade, suporte social, estratégias de enfrentamento, qualidade de vida, utilização de serviços de saúde, adesão terapêutica, etc.). A Profa. Vanessa Citero ministra, também, um curso de pós-graduação sobre pesquisas em medicina psicossomática e interconsulta.
Nestes dois anos de existência, o NuMePI desenvolveu 4 grupos de pesquisa, cada um com um conjunto de alunos de pós-graduação, horário de reunião cientifica e desenvolvimento de teses:
(1) Aspectos Psiquiátricos da Doença Falciforme no Brasil: este projeto é desenvolvido em parceria com o Prof. Dr. James Levenson da Virginia Commonwealth University (EUA), e da Profa. Dra. Maria Stella Figueiredo (pesquisadora do CNPq 1A) da Disciplina de Hematologia e Hemoterapia da UNIFESP. Conta com a participação de um aluno de iniciação cientifica, dois mestrandos e um doutorando. O projeto tem financiamento FAPESP e bolsas de pós-graduação da CAPES e CNPq.
(2) Avaliação do idoso com síndrome metabólica - aspectos cardiológicos, psiquiátricos e neuropsicológicos: este projeto é desenvolvido em parceria com o Hospital Albert Einstein, o InCor e a Disciplina de Geriatria e Gerontologia da UNIFESP. É financiado pelo próprio H.Albert Einstein, conta com a participação de 2 alunos de mestrado, ambos com bolsa de pós-graduação (FAPESP e CAPES).
(3) Desenvolvimento e Avaliação de Protocolos Assistenciais em Interconsulta Psiquiátrica e Saúde Mental: este projeto, ainda em implantação, agrega estudos sobre o desenvolvimento de protocolos assistenciais e avaliação de indicadores clínicos de efetividade. São protocolos sobre avaliação e conduta do paciente vitima de tentativa de suicídio no hospital geral, desenvolvimento de rotinas para a avaliação de capacidade de julgamento do paciente clínico e cirúrgico sobre seu tratamento, desenvolvimento de indicadores de efetividade da avaliação de risco psiquiátrico no hospital geral, etc. Este grupo agrega pesquisadores do Hospital Albert Einstein e da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
(4) Avaliação de Qualidade de Vida em Doenças Crônicas: este projeto gerou duas teses de mestrado, uma na área de hepatopatia crônica e outra na de AIDS, com publicações já realizadas e outras em andamento. Ambos os estudos contaram com auxilio pesquisa da FAPESP.
Programa de pesquisa em Psiquiatria Geriátrica
O prof. Dr. Sergio L. Blay é o investigador principal deste programa que tem com proposta o estudo dos problemas psiquiátricos na terceira idade. A atividade de pesquisa nesta área tem início há mais de vinte anos. Tem sido apoiada por órgãos de fomento como a FAPESP, CNPq, Sandoz Foundation entre outros. O programa recebe apoio institucional do CNPq na forma de bolsa de produtividade em pesquisa ao Prof. Dr. Sergio Blay , principal pesquisador do grupo.
As atividades de pesquisa têm proporcionado o levantamento de dados empíricos para a formulação de estratégias clínicas e de políticas públicas além da formação de recursos humanos através da preparação de pesquisadores. As pesquisas têm atualmente um enfoque epidemiológico, clínico e das comorbidades clínicas e psiquiátricas. Vários trabalhos científicos foram publicados além da formação de recursos humanos através da orientação de teses de mestrado, doutorado e pós doutorado. Os pesquisadores e orientandos que passaram pelo grupo receberam, na sua maioria, apoio de órgãos de fomento com bolsas de mestrado, doutorado e pós- doutorado. Outro enfoque de pesquisa tem sido o do estigma da doença psiquiátrica. Esse projeto financiado pela FAPESP trouxe informações sobre o problema do estigma investigando duas mil pessoas na cidade de São Paulo. Esta atividade trouxe numerosas publicações não só na investigação da demência, mas também em outros transtornos mentais tais como depressão, esquizofrenia e dependência do álcool. Essa linha de pesquisa, até onde vai nosso conhecimento, é a maior fonte de informações empíricas sobre o problema do estigma em nosso meio. Violência contra os idosos é outra área de investigação do grupo.
Centro de Economia Em Saúde Mental (CESM)
O CESM foi criado em maio de 2009 sob coordenação da Profª Drª Denise Razzouk com o principal de objetivo de desenvolver pesquisas em Economia em Saúde Mental, formar pesquisadores na área e prestar consultoria para gestores em saúde pública. O foco da pesquisa é produzir dados científicos sobre os custos das doenças mentais, impacto sócio econômico dos transtornos mentais, o padrão de uso dos serviços públicos de saúde, custos de serviços de saúde mental que sirvam de base para planejamento, alocação de recursos e monitorização de serviços de saúde mental. Além disso, temos como meta principal a condução análises econômicas de intervenções assistenciais e de modelos de serviços de saúde mental levando em conta as necessidades dos pacientes, o impacto das intervenções para os pacientes, família e sociedade, custo-efetividade e custo-benefício adequadas à realidade nacional.
O grupo é formado por 5 psiquiatras e 3 terapeutas ocupacionais, todos com experiência prévia em gestão de serviços de saúde mental. Sete dos componentes do grupo estão realizando teses de mestrado e doutorado. A coordenadora do grupo de tem título de doutorado e realizou pós-doutoramento no Institute of Psychiatry, King´s College no setor de Economia em Saúde Mental (CEMH) juntamente com os mais renomados expertos em Economia da Saúde, todos envolvidos na avaliação da reforma psiquiátrica européia. Neste período, a Profª Denise participou na publicação de dois capítulos de livro em custos da esquizofrenia e transtorno bipolar, um relatório científico e dois artigos em periódicos indexados.
O CESM oferece um curso anual de Introdução à Economia em Saúde Mental no curso de pós-graduação do Departamento de Psiquiatria, Unifesp, além de colaborar com palestras na área para cursos de especialização em Políticas de Saúde Mental no CAPS Itapeva para gestores do estado de SP e para alunos de Residência em Psiquiatria. No momento, conduzimos um projeto patrocinado pela Fapesp (edital de Políticas Públicas) no valor aproximado de R$ 90 mil, para avaliar os custos diretos e os fatores correlatos de todas as residências terapêuticas da cidade de São Paulo, em parceria com Prefeitura Municipal de São Paulo. Além disso, esse projeto visa mapear as necessidades dos 160 egressos de hospitais psiquiátricos, seu grau de autonomia, inserção social e o tipo de cuidado recebido.
No ano de 2010, realizamos a tradução e a adaptação para o português do instrumento usado na Inglaterra para coletar dados sobre custos de serviços de saúde. No momento, estamos realizando um estudo piloto para testarmos o instrumento, que servirá como uma referência nacional para avaliação e monitorização do consumo de recursos financeiros e efetividade dos serviços de saúde.
Bibliotecas
Temos uma biblioteca própria com publicações importantes em psiquiatria e dispomos de acesso aos periodicos CAPES e também às facilidades da BIREME para pesquisas bibliográficas e aquisição de artigos científicos.
O Departamento dispõe de softwares para pesquisa bibliográfica, tais como o Medline e Embase, adquiridos para o desenvolvimento de revisões sistemáticas destinadas aos estudos de metanálise. Os alunos de pós-graduação recebem treinamento no uso dos bancos de literatura, como Pubmed/Medline e ISI/webofscience.
Recursos de Informática
A Unidade de Pesquisa do Departamento de Psiquiatria, conta com cerca de 20 computadores de última geração (atualizados constantemente), ligados em rede, com praticamente todos os softwares para processamento de textos e de dados. Há, portanto acesso de todos os pós-graduandos aos softwares necessários para análise de estudos epidemiológicos e etnográficos. É freqüente o curso de treinamento para o uso do BMDP, SPSS, entre outros pacotes estatísticos. Todos os alunos do programa são cadastrados e possuem e-mail e acesso à internet. O Departamento conta com o Medline e Embase, e o Psychlit, para busca de artigos. Temos vários outros computadores distribuídos nos diferentes programas de assistência (cerca de 60 computadores devidamente atualizados).
Outras Informações
O financiamento do programa é basicamente feito por meio de recursos de agências de fomento nacionais e internacionais. Destaca-se o apoio das bolsas CAPES e auxilio a pesquisa da FAPESP e CNPQ. Três docentes contam com aprovação de Projetos Temáticos na Fapesp: Jair de Jesus Mari, Latife Yazigi e Ronaldo Laranjeira. O CNPq aprovou o Instituto do Milênio Saúde Mental e Violência sob a coordenação do Prof. Jair de Jesus Mari, e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INPD) sobre álcool e drogas, coordenado pelo Prof. Ronaldo Laranjeira. O CNPq também aprovou a pesquisa "Uso de serviços por crianças e adolescentes com problemas de saúde mental atendidas pelo Programa de Saúde da Família (PSF)" (2009-2011), coordenado por Isabel Bordin. |